Aditivos fazem bem?

10/03/2010 21:19

Saiba como esses produtos ajudam seu carro e se valem o investimento.

Tipos e utilizações
 
Um dos principais fatores que contribuem para a polêmica acerca do uso de aditivos está na grande quantidade de tipos e especificações que o comprador tem à disposição. Diante disso, é normal que o consumidor não saiba qual produto certo para a sua necessidade. Aqui, daremos destaque para três tipos: os utilizados no combustível, aqueles destinados ao óleo do motor e os recomendados para a água do radiador.
 
O aditivo para combustível está disponível, basicamente, em dois tipos: um com função de aumentar a octanagem da gasolina e outro feito para limpar o motor. Para aqueles que buscam um melhor aproveitamento da potência do veículo, os chamados “aditivos booster” prometem dar conta do recado. Em teoria, sua utilização eleva a capacidade detonante do comburente e, conseqüentemente, a quantidade de potência e torque disponíveis. O engenheiro Fábio Ferreira, vice-diretor do comitê de veículos de passeio do SAE Brasil (Sociedade de Engenheiros de Mobilidade), no entanto, questiona a funcionalidade do produto: “Em motores aspirados, acho difícil haver uma diferença de potência significante. Agora, em motores turbo, é possível que ocorra um ganho neste sentido”. As montadoras, por meio do manual do proprietário do veículo, não recomendam o uso desses produtos.
 
Quando a intenção é apenas garantir a limpeza do motor, os aditivos do segundo tipo entram em jogo. Segundo a Bardahl, seu uso evita o acúmulo de resíduos que se formam normalmente com a queima de gasolina no motor. Tal opinião é compartilhada pelo engenheiro Paulo Pedro Aguiar Júnior, responsável pela Engin Engenharia Automotiva. Segundo Aguiar, a utilização desse tipo de produto realmente permite uma maior limpeza das partes que compõem o motor, como o cabeçote, por exemplo.
 
Fábio Ferreira, da SAE, também salienta que o uso desses produtos pode ser uma maneira de prevenir o motor contra os impactos causados pelos combustíveis adulterados. Por outro lado, se o propulsor já estiver “contaminado”, a aplicação de aditivos para combustível em nada resolve o problema. Os dois especialistas concordam neste ponto: apesar de benéfico, o líquido é apenas um auxílio na conservação do motor, uma vez que o item não faz parte da “cesta básica” de produtos que todo motorista não pode esquecer de utilizar com freqüência.
 
O mesmo vale para os aditivos de óleo. Cláudio Cobeio, proprietário da Cobeio Car, é taxativo quanto ao assunto: “Não costumo recomendar para meus clientes, embora saiba de seus benefícios”. Se a crença é de que com o uso de aditivos a troca de óleo poderá ser estendida, esqueça. Eles não prolongam a vida útil do lubrificante. A Bardahl, aliás, faz um esclarecimento a esse respeito: este tipo de aditivo auxilia o próprio óleo na função de eliminar o atrito e o desgaste das peças, ou seja, fica valendo o mesmo do caso anterior: o produto ajuda, mas se o consumidor não tiver disponibilidade de dinheiro, ou não achar necessário, é só seguir o programa de manutenção das montadoras à risca.
 
Por fim, temos o menos polêmico de todos: o aditivo para água do radiador. Não há dúvidas quanto à importância do produto, mas Paulo Aguiar, da Engin, faz novamente um importante alerta: “O consumidor deve prestar atenção se o produto possui os dois componentes essenciais: o antioxidante e o anti-fervura (etilenoglicol)”. Caso o líquido para auxílio da refrigeração esteja fora das especificações, poderá causar sérios danos ao motor, que vão desde o superaquecimento até a corrosão de alguns componentes. Para que não haja problema, é só comprar o aditivo recomendado no manual.
 
Caráter preventivo
 
O principal fator que não pode ser esquecido é que o aditivo, por si só, não é recomendável à solução de qualquer defeito que o veículo apresente. Se houver problemas de batida de pino na injeção eletrônica ou formação de borra no motor, por exemplo, seu uso não é uma solução.
 
No caso específico da batida de pino, há outra confusão. De acordo com a Bardahl, o defeito pode ser resolvido com o uso de um produto que, veja só, também é chamado de aditivo por algumas fabricantes. Mas não confunda. Ele não é o mesmo que está à venda nas lojas convencionais. Sua distribuição é realizada diretamente para as oficinas especializadas.
 
No fim das contas, os aditivos realmente funcionam?
 
Após colher opiniões de todos os setores sobre os aditivos, pode-se afirmar que, sob certas condições, o uso desses produtos é benéfico, mas não indispensável. Por outro lado, deve-se pesar que sua funcionalidade depende muito das condições de uso a que o veículo é submetido. Ou seja, oferecer garantias de seu funcionamento não é algo que pode ser feito sem que haja uma análise completa de todas as características do modelo.
 
Nesse ponto, até mesmo as produtoras de aditivos são cautelosas. O consumidor também não pode esquecer que, se decidir pela utilização, terá que desembolsar uma quantidade considerável de dinheiro. O velho (e bom) conselho é ainda o melhor: siga todas as orientações descritas no manual das montadoras com atenção. Estude com cuidado qual o tipo de uso que você faz de seu veículo. Se achar que deve, avalie a possibilidade de testar algum destes produtos com seu mecânico, com a montadora e com os próprios fabricantes, se for o caso. Mas não esqueça que, sem eles, seu carro estará em boas mãos, já que os modelos são projetados para viver sem esse tipo de auxílio.
 
Fonte: Carro Online

 

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