ABS

17/03/2010 12:48

Estudo realizado pela Bosch mostra que o brasileiro pouco sabe - e valoriza - o sistema de freio antitravamento, ABS, equipamento de série na Europa. No Brasil, o ABS está em apenas 11% dos carros. Surgido entre automóveis em 1978, o sistema é um dos maiores aliados em segurança do motorista.

A Bosch realizou uma pesquisa com consumidores para avaliar como eles enxergam a questão da segurança veicular. Uma das conclusões foi que o proprietário de veículo com sistema de freios ABS pouco sabe sobre o equipamento e sua importância.

O estudo também constatou que os consumidores brasileiros em geral conhecem mais os sistemas de segurança passiva - que visam proteger o passageiro quando ocorre um acidente, como airbags e cintos de segurança - do que os sistemas de segurança ativa, que visam evitar acidentes, entre eles o ABS e o controle de tração.

Enquanto na União Européia e no Japão equipa obrigatoriamente 100% dos automóveis 0-km comercializados e nos EUA está em 74% deles, no Brasil estima-se que apenas 11% dos veículos novos sejam vendidos com o ABS, na maioria dos casos como item opcional. O vice-presidente da Unidade de Sistemas de Chassis da Robert Bosch, Giovanni Canella, explica que ainda falta informação ao consumidor brasileiro que utiliza essa tecnologia. "Por exemplo, em situações de emergência, quando o ABS é acionado, aquela vibração que o motorista sente no pedal é normal, pois é reflexo da ação do sistema no freio, mas há quem pense que aquilo é um defeito e alivie a pressão no pedal, anulando o efeito benéfico do sistema", afirma Canella.

Dos trens para os carros

O sistema ABS (Antilock Brake System, Sistema de Freios Antitravamento, em inglês) surgiu no início do século XX no setor de transporte ferroviário, onde o desempenho de freios era precário. Depois foi a vez da indústria aeronáutica adotar o sistema, até que, em 1978, fosse utilizado pela primeira vez num veículo produzido em série, um Mercedes W116 (Série S).

Sua função é evitar o travamento das rodas e permitir ao motorista manter o controle do carro em situações críticas de frenagem, principalmente em pisos de baixa aderência. De acordo com o chefe de Engenharia de Aplicação ABS da Bosch, Geraldo Gardinalli, "o sistema ABS é sem dúvida mais eficiente que o freio normal, pois permite que o motorista tenha controle direcional do carro numa frenagem brusca, sobretudo em pista molhada".

Nessas condições de piso, segundo testes realizados pela fabricante, a frenagem é até 20% mais eficaz. Rodando à velocidade de 100 km/h, o veículo equipado com ABS simulando uma situação de emergência, numa freada brusca, parou completamente 9 metros antes do que o carro com freio convencional. "São mais ou menos três carros, sem contar que o carro ainda mantém sua dirigibilidade", assegura Gardinalli. "No entanto, as leis da física não podem ser mudadas. Quando um motorista passa do limite do carro e dos freios, não há o que possa ser feito", alerta o engenheiro da Bosch.

Segurança pouco valorizada

De acordo com a Association of Germany Insurance Business, entidade que representa as empresas seguradoras alemãs, o travamento das rodas é responsável por 40% dos acidentes fatais nas estradas da Alemanha. Nos EUA, a NHTSA, órgão que cuida da segurança no trânsito naquele país, simulou uma situação de risco em pista molhada e verificou que enquanto 100% dos veículos com freios comuns colidiram contra uma barreira, 42% dos veículos equipados com ABS conseguiram evitar o acidente.

O ABS funciona com sensores nas rodas que informam uma central eletrônica a velocidade de cada uma delas. Essa central compara os dados, calcula a desaceleração de cada uma das rodas e controla uma possível tendência ao travamento. Por meio de um grupo de válvulas, reduz a pressão no circuito do freio da roda prestes a travar. Tudo acontece em milésimos de segundo, as válvulas abrem e fecham repetidamente. O ciclo de pressão (freia-não freia) repete-se várias vezes, chegando a 20 vezes por segundo, como na geração 5 fabricada pela Bosch.

A interferência do sistema de ABS dá-se de maneira independente nas rodas - pode agir em apenas uma delas, em três, ou nas quatro.

A aplicação do ABS em carros com tração integral (4x4) é mais complexa. O cálculo deve considerar outras variáveis para acionar o antitravamento, como velocidade média do veículo e até condições do terreno. Mas é bom lembrar: em condições extremas, como lamaçais ou areia fofa, o ABS tem praticamente nenhuma utilidade.

Ações preventivas

A pesquisa realizada pela Bosch também apontou que muitos proprietários de veículos que utilizam o sistema ABS acabam por abandoná-lo na primeira necessidade de manutenção devido ao custo considerado alto.

Por isso, a empresa pretende fazer um trabalho de educação e prevenção de acidentes e incentivar a utilização de tecnologias de segurança. Para reduzir os custos de manutenção e de peças de reposição do ABS, a Bosch vai disponibilizar seus serviços e peças para a rede independente autorizada Bosch, a partir da segunda quinzena de julho.

Com isso, os proprietários terão, além das concessionárias, a opção de realizar a manutenção do sistema ABS em uma oficina de sua preferência. De acordo com Carlos Alberto Bahia, analista de marketing de produtos da Unidade de Reposição Automotiva da Bosch, "os preços serão cerca de 50% inferiores aos praticados nas concessionárias, e toda a rede autorizada já recebe treinamento da Bosch".

"Conseguimos diminuir os valores através de uma otimização de nossa logística, sendo que agora os produtos serão de "prateleira", e não sob encomenda como acontecia", explica Bahia.

Ao volante

A Bosch realizou evento na pista de testes da Goodyear, em Americana, SP, para demonstrar a eficácia do sistema de freios ABS. Nos veículos disponíveis para avaliação, foi instalado um botão por meio do qual era possível desligar o aparato eletrônico.

As tarefas impostas nos testes simulavam a utilização em "vida real" do carro, por um motorista comum. Era preciso parar totalmente o carro ou desviar de obstáculos, em pista seca e molhada.

O teste consistia em acelerar o carro até a velocidade estipulada, média de 85 km/h em cada prova, e frear bruscamente nas marcas pré-estabelecidas. A intenção era simular uma situação de emergência nas ruas ou estradas, como por exemplo um pedestre que repentinamente atravessa a pista, ou quando o trânsito a frente subitamente pára e ou a visão fica encoberta por uma curva fechada.

Com o ABS ligado, ao pisar com toda força no freio, o controle que o motorista exerce sobre o carro, principalmente em pista molhada, é sem dúvida bastante superior. Sem o equipamento é praticamente impossível desviar o carro de um obstáculo, pois as rodas se travam e o veículo desliza em linha reta, mantendo a trajetória inicial, mesmo com o volante completamente esterçado.

Fonte: WebMotors

 

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