Honda New Civic

11/03/2010 12:06

Ser muito moderno inclui lá alguns riscos. O maior, certamente, é ficar logo fora de moda. O Honda Civic, porém, segue na crista da onda desde 2006, quando sua 8a geração foi lançada no Brasil. O visual renovado certamente é um dos fatores que alçaram o modelo à liderança de mercado entre os sedãs médios, até então dominado pelo Toyota Corolla, mas certamente não é o único. Seu conjunto mecânico, com motor 1.8 de 140 cavalos e câmbio automático com controle através de aletas atrás do volante (exclusivo da versão EXS testada) completam um conjunto extremamente equilibrado, eficiente e com boa relação custo-benefício. O Civic 1.8 EXS Auto custa R$ 85.235, mas vem completo. O equilíbrio começa pelas formas. Depois de ter passado por uma ligeira atualização em 2003, o Civic ficou novo mesmo em 2006, quando foi lançada a versão atual. O carro ficou anos-luz de distância da versão anterior e continua moderno até hoje. Esteticamente é o pára-brisa acentuadamente inclinado a 28 graus o que mais chama a atenção. Ele avança sobre o capô afilado, aumentando ainda mais a sensação de amplitude interna. Os pára-choques envolventes também são marcantes, mas o da frente é um pouco rechonchudo demais. Questão de gosto.

Interior futurista

Internamente o Civic não deixa nada a desejar em relação ao visual externo. Tudo dentro dele é moderno e ergonomicamente pensado, oferecendo alto nível de conforto. A versão EXS, a mais completa, oferece todos os itens de habitabilidade. O diferencial fica por conta do extravagante painel duplo, com instrumentos divididos em dois níveis e iluminado na cor roxa, de gosto duvidoso. Na parte superior fica o velocímetro e indicadores do nível de combustível e temperatura do motor, ambos digitais. Na inferior, fica o conta-giros, analógico, e demais luzes-espia.

Junto com um não menos característico volante de direção de três raios perfurados e revestido em couro, com forte inspiração esportiva, mais os bancos discretamente envolventes e também forrados em couro, o interior do Civic é requintado, moderno e aconchegante. A alavanca do freio de mão, localizada no console central, é algo inconveniente dependendo da estatura do motorista, que utilizam essa região para apoiar a perna direita.

Bem equipado, o Civic EXS já vem de fábrica com CD Player com ajuste automático de volume de acordo com a velocidade e leitor de MP3 e WMA, com disqueteira no painel com capacidade para seis Cds, além de diversos outros itens de conveniência e segurança, tais como: iluminação dos espelhos dos pára-sóis, repetidores de luzes de direção nos retrovisores externos, controle de áudio no volante, controlador de velocidade, maçanetas externas cromadas, faróis de neblina, destravamento remoto da tampa do porta-malas e termômetro da temperatura externa.

O carro também já traz de fábrica um rico pacotes de acessórios e equipamentos de segurança, como freios dotados de sistema ABS e EBD, ar-condicionado digital, pneus 205/55 16 em rodas de alumínio de cinco raios, air-bags dianteiros, entre outros.

Gostoso de dirigir

No início, é de estranhar. O painel enorme, o pára-brisa distante e o velocímetro fora do lugar tradicional, tornam o ato de dirigir o Civic uma experiência diferente. Adaptado às novas referências, porém, conduzi-lo é fácil de prazeroso. O motor é elástico e silencioso e atua harmonicamente com o câmbio automático de cinco marchas, batizado pela Honda de S-Matic, que oferece a possibilidade de trocas automáticas ou manuais seqüenciais, através de aletas no volante.

O motor disponibiliza a potência máxima de 140 cv somente a partir das 6.300 rpm e torque máximo de 17,7 mkgf a 4.300 rpm. Na teoria, isso significa que o Civic deve apresentar melhor rendimento em altos regimes. Mas na prática, ele respondeu bem (aliás bem mais do que o suficiente) mesmo em rotações mais baixas, tanto nas acelerações quanto nas retomadas de velocidade.

O conjunto combina bem, como um casal feliz. O câmbio pode ser operado no modo automático ou seqüencial, dependendo do gosto do freguês. No automático apresenta excelente escalonamento de marchas, com a quinta extra-longa, o que permite rodar em velocidade-cruzeiro de cerca de 120 km/h em regimes baixíssimos de rotação, cerca de 2.300 rpm, favorecendo a redução do consumo de combustível. Uma tranqüilidade conduzir o Civic.

Não tem cara de tiozão

A propaganda é da concorrência, mas cabe bem na definição do Civic, mesmo a mais sofisticada e comportada EXS. O carro tem visual jovial e desempenho compatível. Mas dentro dele, ninguém se sente velho nem um pacato tiozão. Muito pelo contrário, o carro atrai bastante a atenção do público feminino, assim como do masculino mais jovem, além de proporcionar desempenho empolgante.

Líder num dos segmentos mais competitivos do mercado brasileiro, o Honda Civic segue à frente de modelos consagrados como o Toyota Corolla, que permanece igual desde 2002 e ganha versão nova ainda este ano, e do já cansado Crevrolet Vectra, que acabou de adaptar motorização 2.0 à sua versão top de linha Elite, numa tentativa da GM em recuperar mercado nesse segmento.

Nessa arena disputam a preferência dos consumidores mais conservadores, como chefes de família e executivos de classe média alta, outros modelos de sucesso, como o Ford Fusion 2.0, maior que os concorrentes, mas com preço na mesma faixa; o Renault Mégane 1.6, que passa a ser oferecido a partir de agora também na versão Expression com motor 2.0; o Peugeot 307, o Citroën C4 Pallas, os VW Jetta e Bora, o Nissan Sentra, que luta para fugir da imagem de carro de tiozão, típica dos modelos dessa classe; e o Fiat Linea, que a montadora italiana vai apresentar ao mercado brasileiro em breve.

Donos da quarta maior fatia de mercado no Brasil, os sedãs médios seguem em busca de maior participação. Atualmente, do total de veículos vendidos no País, cerca de 18% são sedãs de porte médio, das quais aproximadamente 45 mil são Honda Civic vendidos em 2007.

Tamanho do carro aumentou, mas porta-malas diminuiu

Mais comprido em 34 mm e mais largo em 37 mm, o Civic só não aumentou em altura. Ele mede apenas 1,45 metro do chão até o teto, ou seja, 50 mm mais baixo do que o anterior, o que realça ainda mais seu estilo fluido, agressivo e muito mais esportivo que seus concorrentes, mas caracteriza o modelo como um veículo baixo, para rodar perto do chão. A distância entreeixos de 2,7 metros (80 mm a mais que o modelo anterior) garante bom espaço interno para todos os ocupantes, mas mesmo assim não foi suficiente para melhorar o tamanho do porta-malas, que com capacidade para apenas 340 litros (contra 402 litros do antigo), é o menor do segmento, perdendo até mesmo para concorrentes de patamares mais baixos, como o Chevrolet Prisma, que tem porta-malas com 439 litros de capacidade.

O conjunto visual externo agrada à maioria. Pelo menos foi assim durante a avaliação, de cerca de 500 quilômetros, durante a qual uma infinidade de pessoas manifestou interesse em olhar o carro mais de perto, embora o modelo não seja novidade no mercado. Os faróis dianteiros com desenho bem afilado e a grade com uma reluzente barra de metal formam um belo conjunto. De traseira, houve quem comparasse o Civic com um BMW Série 3. E lateralmente, apesar da pequena janela fixa adicional, o Civic impõe respeito. Ele transpira vários estilos ao mesmo tempo, podendo de uma só vez ser esportivo e social, arrojado e discreto, dependendo dos olhos de quem vê. E dirige.

 

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