Aprenda a usar a embreagem corretamente

11/09/2010 18:48

Confira dicas de uso para não desgastar o componente antes da hora

Diversas peças trabalham em conjunto para que um automóvel possa funcionar e trafegar corretamente. Realizar curvas, acelerar e frear: todas essas ações fazem uso de sistemas que foram desenvolvidos por engenheiros visando o máximo de durabilidade e segurança do veículo. Por melhor projetados que sejam, no entanto, nem todos os componentes de um veículo são corretamente explorados por seu usuário, e tal má utilização invariavelmente acarreta na avaria de um conjunto de peças do carro.
 
Um dos itens mais exigidos e também mais mal utilizados dos automóveis encontra-se justamente no pé esquerdo do motorista: o pedal de embreagem. Afinal, qual é o modo correto de utilizá-la? O que deve ser feito para que sua vida útil seja prolongada? Para responder tais dúvidas, o Carro Online decidiu conversar com Ricardo Bock, engenheiro e professor de engenharia automobilística da FEI (Fundação Educacional Inaciana) e Alexandre Santos Müller, instrutor orientador do SENAI.
 
Como funciona
 
O sistema de embreagem atua interrompendo ou permitindo a passagem da potência e do torque (em forma de rotação) do motor para a caixa de marchas, que, consequentemente, transfere a rotação para as rodas do veículo. Sua função é a de permitir arrancadas e frenagens suaves, além da realização da troca de marchas com facilidade.
 
O conjunto de embreagem é composto por disco de embreagem, platô e o rolamento (ou atuador hidráulico) e fica localizado entre o motor e o sistema de transmissão. O rolamento ou atuador hidráulico opera no platô, que irá acoplar ou desacoplar o disco de embreagem de acordo com a movimentação do pé do motorista no pedal da embreagem.
 
Como utilizar corretamente
 
A primeira e mais importante noção que se deve ter da embreagem, para que esta não se desgaste precocemente, é que o pedal de acionamento do sistema deve ser utilizado o mínimo possível em “meio termo”, ou seja, no meio de seu curso, situação em que o disco de embreagem não está nem totalmente desacoplado nem totalmente acoplado no volante do motor. O motivo é que quanto mais a embreagem escorrega em atrito com o volante do motor sem se acoplar completamente, maior é a quantidade de calor gerado pela fricção. Quanto mais o calor resultante do atrito aumenta, mais o sistema se desgasta, reduzindo a vida útil dos componentes. “Segurar o carro na ladeira utilizando a embreagem, por exemplo, é uma das situações que força e desgasta o sistema” informou Alexandre Santos Müller, instrutor orientador do SENAI.
 
“Outro procedimento crítico que não deve ser realizado é o de utilizar a segunda marcha para colocar o veículo em movimento”, recomendou o professor da FEI, Ricardo Bock. A justificativa é de que a primeira marcha é a que mais multiplica o torque do motor (ou seja, que possui mais força), necessitando de menos rotações para que o veículo tenha força para arrancar. Nesse caso, menos deslizamento – e, consequentemente, desgaste – é necessário para acelerar o automóvel, situação que é a inversa quando a segunda marcha é utilizada.
 
“Ao colocar o automóvel em movimento (sempre partindo da primeira marcha), o motorista deve achar o balanço entre elevar o mínimo possível as rotações do motor e de retirar o pé da embreagem o quanto antes (sem ser de modo brusco), de modo a permitir que o disco de embreagem seja acoplado o mais rapidamente possível ao volante do motor, gerando o mínimo de atrito”, explica o professor da FEI.
 
Já nas trocas de marcha com o veículo em movimento, o procedimento correto é o de primeiro soltar completamente a embreagem para depois acelerar o automóvel, de modo também a evitar fricção desnecessária.
 
Descansar o pé no pedal da embreagem é outro erro comum que deve ser evitado, uma vez que tal costume gera um desacoplamento mínimo entre o disco de embreagem e o volante do motor, causando um pequeno escorregamento. Por mais que tal deslizamento seja pequeno, ao ponto do motorista não percebê-lo, este é prejudicial e irá diminuir a vida útil do sistema.
 
Consequências do mau uso
 
Além do desgaste do sistema, o uso incorreto da embreagem gera aumento direto no consumo de combustível, uma vez que em todas as ocasiões que o motorista causar o deslizamento da embreagem, este estará desperdiçando a energia gerada pelo motor – ou seja, desperdiçando combustível. Um pouco de deslizamento na embreagem é inevitável para colocar o veículo em movimento, mas procedimentos como segurar o automóvel na ladeira com o sistema, ou arrancar em 2ª marcha, que são atuações desnecessárias e evitáveis, contribuem para que o veículo, seja este qual for, tenha a sua média de consumo aumentada.
 
Assim como todos os componentes de um automóvel, a embreagem possui uma vida útil média. Este sistema, segundo Alexandre Santos Müller, Instrutor Orientador do SENAI, possui vida útil média entre 60.000 a 80.000 quilômetros se utilizada corretamente. “Vale lembrar que a durabilidade da embreagem está diretamente relacionada também com o tipo de percurso utilizado. O trânsito urbano exige o uso mais frequente do sistema e isso reduz sua vida útil” lembrou Müller. Usada indevidamente, entretanto, o conjunto pode apresentar fadiga ou se tornar inutilizável em 20.000 km ou até 15.000 km, segundo Ricardo Bock.
 
Trocar os componentes do sistema não é barato: o kit de embreagem para um Fiat Mille Economy 2010 em concessionária chega a custar R$ 330,00 e a mão de obra cobrada vai até R$ 650,00. Já no caso de um Gol 1.6 2010, o preço cobrado pelo kit chega a R$ 542,00 e a mão de obra, R$ 675,00. No caso da substituição do sistema em um Vectra 2.0 2010, os componentes são vendidos em média por R$ 1.453 e o custo da mão de obra é de R$ 500.
 
Utilizar a embreagem corretamente, portanto, gera benefícios ao meio ambiente com a economia de matéria prima para a fabricação de novas peças e auxilia o dono de um automóvel a economizar preciosos reais.
 
Fonte: Carro online
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